Conheça a história da Fundação Padre Ibiapina

Conheça a nossa história

A Fundação Padre Ibiapina foi buscar seus princípios de ação nas ideias inovadoras e intuições pastorais do Padre José Antônio Maria de Pereira Ibiapina, o grande missionário do Nordeste, cuja missão transformou costumes e conceitos, marcando definitivamente a vida dos povos nordestinos na segunda metade do século XIX.

Missionário itinerante, pensou à frente do seu tempo, atravessou séculos, previu mudanças sociais que se fariam necessárias para construir um futuro humano e cristão para as populações que viriam. Foi assim que decidiu viver junto ao povo, partilhar suas carências e limitações, e resolver, coletivamente, as situações que afligiam as comunidades rurais.

Sua passagem pelo Crato - CE foi marcada pela criação da Casa de Caridade em 1869, obra entre muitas que deixou em terras do Cariri. O objetivo da Instituição era, a partir de princípios cristãos, garantir para a mulher de classe humilde, um futuro moralmente digno, uma educação que lhe possibilitasse autonomia profissional através do estudo de letras, música, trabalhos manuais, etc. A Diocese de Crato, detentora da obra do Padre Ibiapina no âmbito local, conservou dentro de certos limites, a estrutura e objetivos da obra inicial, até a década de 1950 quando começou um trabalho de atualização e diversificação das finalidades da Casa de Caridade - única ainda existente no Ceará. Foi assim que surgiram vários setores de trabalho, atendendo aos objetivos da Diocese do Crato: Serviço Social Diocesano; Cáritas Diocesana; Organização Diocesana de Escolas Radiofônicas – ODER; Rádio Educadora do Cariri; Cine Educadora; Pioneiras Sociais; Organização Diocesana de Escolas Profissionais – ODEP; Ginásio e Escola Normal Madre Ana Couto; Escola de Lideres Rurais – ELIRUR; Centro de Treinamento Educacional do Crato; Empresa Gráfica Ltda; CORDA (Coordenação de Órgãos Regionais Dedicados à Assistência); Dispensário da Criança Pobre; Pensionato da Moça Pobre.

Essas obras sociais diocesanas eram, financeiramente, sustentadas por convênios realizados entre a Diocese e Entidades Governamentais, quer do âmbito federal ou estadual. A diversidade de objetivos, porém, e a freqüente divergência na época de renovação desses convênios começou a criar sérias dificuldades para a continuidade dos mesmos. Foi então que a autoridade diocesana resolveu criar um órgão maior, único, que enquadrasse todos os setores da ação social da Diocese e fosse solução para os problemas. Assim, nasceu a Fundação Padre Ibiapina – FPI, em 1965. Após 1965, novos setores vieram enriquecer a ação social da Diocese: Departamento Diocesano de Cinema – DDC; Setor de Ativação Comunitária; Movimento de Alfabetização de Adultos – MOBRAL/MEC; Centro de Estudos do Menor e Integração na Comunidade – CEMIC; Centro de Documentação, Estudos e Pesquisas – CENDEP; Movimento de Ativação Comunitária (fusão do Setor de Ativação Comunitária e Serviço Social Diocesano) – MODAC; Centro Para Assuntos da Saúde – CENASA; Escola do Pequeno Príncipe; Centro de Expansão Educacional; Mini- Postos de Saúde; Instituto Diocesano de Opinião Pública; Pastoral da Criança. Em 1977, a Fundação Padre Ibiapina recebeu o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, concedido pelo Conselho Nacional de Serviço Social, hoje, Conselho Nacional de Assistência Social, o que lhe permitiu ampliar suas ações e benefícios funcionais a aproximadamente 400 pessoas regularmente contratados.

Posteriormente, fez-se uma reforma estatutária, com o objetivo de enquadrar outros órgãos da Diocese na estrutura da F. P. I.: Instituto de Ensino Superior do Cariri – IESC, Entidade mantenedora do Ensino Superior na Diocese (Faculdade de Filosofia do Crato - FFC, primeira unidade de ensino superior criada pelo MEC, no interior do Estado do Ceará. Compunha-se de 5 cursos, todos reconhecidos, a saber: Pedagogia, Letras, História, Ciências e Geografia. Com a criação de uma Universidade pública no Crato, a Diocese, considerando que a gratuidade do ensino viria beneficiar os alunos pobres e melhorar a situação do corpo docente, acolheu a proposta de incorporar os cursos da Faculdade de Filosofia do Crato à nova universidade. Atualmente, trabalha na criação de uma nova Faculdade de Filosofia, cujo princípio inspirador continua voltado para os ideais do Pe. Ibiapina); Hospital São Francisco de Assis; Maternidade do Crato e Colégio Diocesano do Crato. É reconhecida de utilidade pública: em nível federal, pelo Decreto N°59105/66; em nível estadual, pela Lei de N° 8198/65; em nível municipal, pela Lei de N° 717/65. Por fim, em 2005 fez-se uma reforma estatutária em função de uma atualização de seu organograma funcional criando os Conselhos Curador e Fiscal e a Diretoria Executiva.

O PATRONO

A Mística Evangélica do apóstolo que mudou completamente o sertão nordestino, não por fora, mas por dentro, não fundou cidades, mas lhes transformou o sentido social, é abraçada pela Fundação Padre Ibiapina. Esta é a continuação, no tempo e no espaço, da obra do Padre Mestre. Além da homenagem, esta inspiração é, sobretudo, programa e roteiro de trabalho apostólico no plano dos verdadeiros problemas humanos. VIDA E OBRA O zelo apostólico do Padre José Antônio Pereira Ibiapina, no percurso do século XIX, no interior do Nordeste brasileiro, deixou marcas significativas, não apenas na organização posterior da Igreja, mas, sobretudo, na vida das pequenas comunidades desta região. Pe. Ibiapina nasceu a 05 de agosto de 1806, na fazenda Olho D’água do Riacho de Jaibaras, Município de Sobral, Ceará, sendo filho de Francisco Miguel Ibiapina e Tereza Maria de Jesus. Seu pai, na função de tabelião e escrivão dos Correios levava uma vida itinerante, passando pelas cidades de Sobral, Ibiapina, Icó e, posteriormente, Crato e Fortaleza. O menino José, ainda em terna idade, teve de transferir-se para a cidade de Icó no Ceará, onde seu pai exercia o tabelionato público. Em 1819 foram removidos para o Crato, onde permaneceram até 1823, quando se transferiram para Jardim e, posteriormente, para Fortaleza. Durante a permanência na cidade do Crato o menino José completou a instrução primária, embora, os rudimentos de língua latina, aprendeu com o renomado latinista Joaquim Teotônio de Melo na cidade de Jardim - CE. Transferidos para Fortaleza em 1823, Ibiapina seguiu para Olinda em Pernambuco, onde pretendia matricular-se no seminário daquela cidade, o que não aconteceu em virtude da crise por que passava o tradicional educandário eclesiástico. Ibipina recolheu-se no Convento das Mercês, onde continuou seus estudos de filosofia e outras disciplinas. A vida de Ibiapina foi ponteada por muitas tragédias que lhe deixaram marcas profundas. Perdeu a mãe em 1823, vítima de um parto prematuro. Em 1824, rebenta no Ceará a Revolução da Confederação do Equador. O pai participou ativamente como revolucionário e, como era costume entre seus pares, acrescentou ao seu nome o apelido de Ibiapina, homenagem à cidade serrana onde durante vários anos habitou. A rebelião foi sufocada e, em conseqüência, o pai de José Pereira Ibiapina é executado a sete de março de 1825, no local onde hoje se encontra o Passeio Público de Fortaleza. O irmão mais velho de Ibiapina, Raimundo Alexandre, sofreu degredo na Ilha de Fernando de Noronha, onde foi vítima de bárbaro assassinato. Todos esses acontecimentos exigiam decisão de graves conseqüências. Interrompe então, os estudos e volta ao Ceará para assumir todas as responsabilidades da família.

Em 1827, Ibiapina retorna ao Pernambuco. Com a instalação do Curso Jurídico em Olinda no ano de 1828, ele matricula-se no mesmo, concluindo-o na primeira turma de bacharéis, em 1832. Em 1º de janeiro de 1833, tendo concluído com brilhantismo o curso jurídico, Dr. Ibiapina é nomeado professor de Direito Natural na escola onde se formara. Sua atuação como professor foi interrompida, no entanto, neste mesmo ano, quando foi nomeado, por Decreto de 12 de dezembro, juiz de direito e chefe de polícia da Comarca de Quixeramobim, no Ceará. No exercício de suas funções não era apenas o juiz, era instrutor. Não mediu esforços para explicar o Código do Processo Criminal aos iletrados componentes do júri, ensinando-lhes as disposições legislativas e penais e a beleza do Direito e da Justiça. Apesar de seu esforço para capacitar todos os componentes do júri na aplicação justa das leis, Ibiapina é um dia traído. Seu ideal de justiça foi bruscamente atingido pela absolvição de um criminoso, protegido pelo Presidente da Província, em um júri presidido pelo próprio Ibiapina. As relações entre ambos ficam estremecidas por este episódio e outras distorções que já haviam ocorrido. Um espírito correto como o de Ibiapina não podia aceitar esta situação. Em 14 de novembro de 1835 rompeu com o Presidente e pediu exoneração. Após este período, Ibiapina exerceu ainda as atividades de Deputado Federal na Assembléia da Nação, como candidato mais votado no Ceará, para a legislatura de 1834 – 1837. Desgostou-se também com a política ao defrontar-se e combater, sem êxito, casos de corrupção. Renuncia, por isso, ao mandato e retorna ao Recife entregando-se à reclusão e meditação durante três anos. Após esse tempo é acolhido no Seminário por Dom João da Purificação Marques Perdigão, bispo de Olinda. É ordenado aos 47 anos em 03 de julho de 1853. Seu sobrenome foi substituído de Pereira por Maria, em homenagem àquela que seria, pelo resto de seus dias, o soberano motivo do seu culto e a segura inspiração do seu apostolado. A essa época, o Padre Ibiapina já havia traçado os seus planos. O Nordeste descristianizado pedia-lhe ajuda e, para isto, ele tinha conhecimento e condições. Todos os cargos de relevância que lhe foram oferecidos, Ibipina recusou, até a mitra de Bispo. O seu desejo era atender aos clamores do Nordeste, era viajar, pregar o Evangelho, educar, ser missionário. O Nordeste, onde o Padre Ibiapina intencionava desempenhar sua obra, era um sertão inóspito. Durante muito tempo, o sertão nordestino era habitado por uma gente muito simples, apesar do acelerado desenvolvimento que se desencadeava na faixa litorânea brasileira, decorrente da centralização de todas as atividades sócio-econômicas e culturais nesta área. Neste período, o Nordeste era um conglomerado de sítios, fazendas e engenhos, onde a relação semi-feudal permanecia. A cultura era rude, a vida era difícil em todos os sentidos, e tudo isso levava esta gente a uma ignorância selvagem a ponto de cometer, sem o menor respeito pela vida humana, crimes e mais crimes. A situação complicava-se mais ainda, quando os criminosos se asilavam em casa dos “padrinhos” que eram muito comuns na época. Durante toda a segunda metade do século XIX e no início do século XX, vários conflitos ocorriam, dos quais podemos destacar três episódios que retratam com ênfase a realidade interiorana nordestina, são eles: Canudos, Juazeiro do Padre Cícero e Caldeirão do Beato José Lourenço.

Lutando contra a ignorância selvagem, contra o fanatismo, a incredulidade e a violência, Ibiapina, com todo o seu zelo apostólico, trabalhou, se fez missionário durante todo o resto de sua vida, empregando o conhecimento jurídico e em letras, que tinha adquirido na formação intelectual e a de sentimentalidade e fé que se acumularam em toda a sua formação espiritual. Seu intuito era mudar o sertão, não por fora mas, por dentro. Aos 48 anos de idade, o Pe. Ibiapina conseguia desfazer-se de todos os cargos a ele confiados na Diocese de Olinda e iniciava, assim, o seu trabalho de missionário pelos sertões do Nordeste. Sempre com um espírito forte e atendendo às suas mais íntimas aspirações, lançava um olhar de zelo e cuidado sobre a gente atrasada, a terra mal cuidada, a família desestruturada, a Igreja Católica cheia de confusões em todo o Nordeste; e por mais que descortinasse o olhar, apenas desajustes e coisas fora do lugar seriam encontrados. E o Pe. Ibiapina sentia-se cada vez mais imbuído de uma responsabilidade sem fim. Foi com essa vontade e dedicação dispensadas ao trabalho que Ibiapina missionou em todo o Nordeste. Percorreu cidades e povoados levando a mensagem divina, conciliando intrigas e construindo obras de caridade destacando-se que estas atividades não se constituíam como assistencialismo, mas promoção humana, passando, então, pelo Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Procurava o Pe. Ibiapina atender, desta forma, aos desvalidos e aos menos favorecidos, e esse atendimento somente podia ser feito através de atividades sociais que permitissem a todos, melhores condições de vida, por isso, a partir de estudos das carências com as populações locais e com a participação efetiva das mesmas na execução fundava capelas, abria cacimbas, construía açudes, orfanatos, casas de caridade, cemitérios, pelo interior do Nordeste. Era um trabalho feito juntamente com o povo e destinava-se a esse próprio povo. O padre Ibiapina realizou seu apostolado no plano dos verdadeiros problemas humanos, baseando-se nas antigas estruturas de coesão social, como o mutirão, o artesanato, o compadrio, o costume de dar a “tomar conselhos”. Estas instituições sociais ajudaram poderosamente para que ensinasse ao povo a nova ética do trabalho exigida pela vida moderna. A sua ascendência sobre as populações nordestinas se baseia, em primeiro lugar, nessa habilidade em aproveitar as tradições populares. Todas as suas fundações tiveram relevância no desenvolvimento do Nordeste. O trabalho do Padre Ibiapina é o trabalho do homem que pensou, antes de tudo, na promoção humana. Ele deixou vestígios no plano social e econômico, educando o povo para a disciplina do trabalho regular, exigida pela sociedade moderna. A atenção do Padre Ibiapina não se voltou para as estruturas jurídicas como municípios e paróquias, mas para os núcleos habitacionais em si, de tal sorte que o interesse dele não era, em primeiro lugar, consolidar a paróquia pelo sistema sacramental, nem a ortodoxia, pela doutrinação, mas, antes de tudo, a formação de comunidades, nas quais o homem pudesse sobreviver com certa dignidade.

O amor ao próximo e a caridade

A Fundação Pe. Ibiapina tem na sua origem esta vocação desenvolvimentista, humanitária e cristã, a FPI apresenta-se como articulador de um processo de melhoria da atualização e qualificação profissional dos cidadãos da região do Cariri.